sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Talvez

Os dias são maratonas, e o prêmio é - por sorte - te encontrar. Quando você não vinha, costumava queimar por dentro, mas joguei uma água fria nisso tudo. Afinal, palavras não são garantias, e o que você fala nem sei se é verdade. Então prefiro deixar assim: você aí, eu aqui. Fácil não é, nem nunca foi. Queria mesmo estar em seus braços, recebendo seus mimos e acariciando seus cabelos ainda úmidos depois da chuva que tomou voltando do trabalho. Mas querer nunca foi poder. Quer dizer, acredito sim que querer seja poder, mas nesse caso não. Talvez não seja pra ser, talvez seja melhor assim. Joguei um balde de água nisso tudo. Talvez você volte, talvez não. Prefiro que não. Assim não passo pelo sufoco de me entregar de novo, como se isso não fosse uma luta pra mim. E o engraçado é que eu sei que assim que você voltar, eu estarei lá. Não foram reunidas forças o suficiente, e por isso, prefiro que você espere do lado de fora, até eu conseguir sair pela porta e não notar sua imagem. Tudo bem, tudo acabará bem. Só uma coisa... Se você decidir voltar, por favor, esqueça que sequer um dia eu existi. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

São tempos difíceis para os sonhadores...

Estava terminando seu almoço em uma quarta feira ensolarada. Juntou os talheres no prato e levantou, colocou-os na pia e se retirou. De longe, ouviu os murmúrios. "Acho que ela está muito iludida". "Sim, eu concordo. Passou da hora de colocar os pés no chão". Parou por um instante, engolindo em seco toda essa história. É engraçado como os outros gostam de apontar o dedo sem saber, na real, o que está acontecendo. É fácil demais dizer que algo é ilusão, que não se deve botar esperança demais em alguma coisa, quando se está olhando de fora.
Fazia seis meses desde que o conhecera. Ela tentou lutar pra não se entregar, mas, pela primeira vez na vida, decidiu deixar o coração falar mais alto. "Quando eu penso com a cabeça, ninguém fala nada. Mas é só ser um pouco mais emotiva que ficam falando de ilusão". Pensava. Que grande merda. Seus pais sempre foram controladores, e esse fato pesava muito em sua vida. Tinha enorme dificuldade pra tomar decisões sozinha, não acreditava muito na sua capacidade de escolha, e quando parava pra pensar nisso, ficava de estômago embrulhado, pois sabia que, se fosse perseguir seus sonhos, seria acusada de louca desvairada, sem razão alguma, totalmente iludida. As pessoas gostam de botar pra baixo, né? PARE DE SONHAR TÃO ALTO, seus amigos diziam. Mas não dava. Viver desse jeito pra sempre? Definitivamente não era pra ela. Não mesmo... Não queria sua vida igual a tudo que se vê. Ela até podia sonhar alto, mas eram seus sonhos, e se ela os tinha, não era por acaso. Tudo nessa vida tem 50% de chance de dar certo e 50% de chance de dar errado. Tudo bem, sabia que podia ser uma loucura, mas e a metade que poderia dar certo? Quem disse que é impossível? Mas sabe, bem lá no fundo, ela precisava de alguém que lhe dissesse que aquilo não era tão absurdo assim, "não tenha medo de arriscar, de botar tudo a perder, siga seu instinto". Porém, longe disso. Tudo que escutava eram coisas como "você é doida!", "tá pirada, garota?". AAAAAAAAAAAH! Quanta ignorância. Chega disso. 
Dois meses se passaram e ela comprou o bilhete de avião, contra a vontade de quase todos. "Depois não diga que não foi avisada", foi a reação de seu pai. Sua mãe até tentou demonstrar confiança na própria filha, mas achava, na verdade, a maior burrada de sua vida. Sim, ela se sentiu fraca diante disso tudo. "Será que eu tô fazendo besteira? Será que estou cega? AI MEU DEUS, POR QUE NÃO CONSIGO TOMAR AS RÉDEAS DA MINHA VIDA?". Bom, agora já foi. Ela precisava desse tempo mesmo. 
O grande dia chegou. Foi ao aeroporto. O avião chegou, decolou e pousou. CHEGOU. Olhou por entre a multidão e avistou o rosto tão conhecido, mas tão distante ao mesmo tempo. Deu o abraço que a tanto tempo sonhava. Seus olhos se enxeram de lágrimas, nem acreditava que estava lá. Poderia finalmente tocá-lo, senti-lo. "Só os anjos sabem como ansiei por esse momento". Ele estava tão emocionado quanto ela. Entraram no hotel e ficaram juntos a noite toda, como prometeram. Se isso seria para sempre? Não fazia ideia. Se foi a decisão certa? Com certeza. Por que queria tanto aquilo? Certamente porque todos disseram que era impossível, mas nunca acreditou neles. E não sabendo que era impossível, foi lá e fez.

domingo, 19 de janeiro de 2014

(Re)aprendendo

Você demora, mas vem. E quando vem, me faz largar tudo pra ir ao teu encontro. Cancelo compromissos, cancelo família, cancelo o que for preciso, as vezes apenas pra ouvir sua voz. Grande tola. Estou sempre à disposição, e acho que te acostumei mal quanto a isso. Por isso quero que entenda que, apesar de te querer a cada segundo, eu não posso mais. Sinto minha própria falta, preciso ficar mais comigo, ditar minhas próprias regras. Você se importa, mas não sei se o suficiente. Tô pensando em baixar a dose de você. Pro meu bem. Pro nosso bem. Assim, se você quiser, que largue tudo, acho que é sua vez de mexer uns pauzinhos. Simplesmente não abrirei mais mão do meu eu em troca de algumas migalhas que você joga. Você sabe onde me encontrar, sabe sim. Eu é que fico dando desculpas pro seu sumiço. Mas quem quer, de fato, arranja qualquer segundo, nem que seja pra mandar um 'oi' superficial e amargo. Então, declaro oficialmente que de hoje em diante, eu falo com você quando EU quiser, não quando você achar conveniente. Quem vai ter de correr atrás é você, SE for de seu interesse. Caso contrário, estou dando as costas pra esse amor, que afinal nem sei se é amor. Enfim, acho que você sabe onde me encontrar. Se voltar, voltou. Senão, só lamento.