terça-feira, 21 de janeiro de 2014

São tempos difíceis para os sonhadores...

Estava terminando seu almoço em uma quarta feira ensolarada. Juntou os talheres no prato e levantou, colocou-os na pia e se retirou. De longe, ouviu os murmúrios. "Acho que ela está muito iludida". "Sim, eu concordo. Passou da hora de colocar os pés no chão". Parou por um instante, engolindo em seco toda essa história. É engraçado como os outros gostam de apontar o dedo sem saber, na real, o que está acontecendo. É fácil demais dizer que algo é ilusão, que não se deve botar esperança demais em alguma coisa, quando se está olhando de fora.
Fazia seis meses desde que o conhecera. Ela tentou lutar pra não se entregar, mas, pela primeira vez na vida, decidiu deixar o coração falar mais alto. "Quando eu penso com a cabeça, ninguém fala nada. Mas é só ser um pouco mais emotiva que ficam falando de ilusão". Pensava. Que grande merda. Seus pais sempre foram controladores, e esse fato pesava muito em sua vida. Tinha enorme dificuldade pra tomar decisões sozinha, não acreditava muito na sua capacidade de escolha, e quando parava pra pensar nisso, ficava de estômago embrulhado, pois sabia que, se fosse perseguir seus sonhos, seria acusada de louca desvairada, sem razão alguma, totalmente iludida. As pessoas gostam de botar pra baixo, né? PARE DE SONHAR TÃO ALTO, seus amigos diziam. Mas não dava. Viver desse jeito pra sempre? Definitivamente não era pra ela. Não mesmo... Não queria sua vida igual a tudo que se vê. Ela até podia sonhar alto, mas eram seus sonhos, e se ela os tinha, não era por acaso. Tudo nessa vida tem 50% de chance de dar certo e 50% de chance de dar errado. Tudo bem, sabia que podia ser uma loucura, mas e a metade que poderia dar certo? Quem disse que é impossível? Mas sabe, bem lá no fundo, ela precisava de alguém que lhe dissesse que aquilo não era tão absurdo assim, "não tenha medo de arriscar, de botar tudo a perder, siga seu instinto". Porém, longe disso. Tudo que escutava eram coisas como "você é doida!", "tá pirada, garota?". AAAAAAAAAAAH! Quanta ignorância. Chega disso. 
Dois meses se passaram e ela comprou o bilhete de avião, contra a vontade de quase todos. "Depois não diga que não foi avisada", foi a reação de seu pai. Sua mãe até tentou demonstrar confiança na própria filha, mas achava, na verdade, a maior burrada de sua vida. Sim, ela se sentiu fraca diante disso tudo. "Será que eu tô fazendo besteira? Será que estou cega? AI MEU DEUS, POR QUE NÃO CONSIGO TOMAR AS RÉDEAS DA MINHA VIDA?". Bom, agora já foi. Ela precisava desse tempo mesmo. 
O grande dia chegou. Foi ao aeroporto. O avião chegou, decolou e pousou. CHEGOU. Olhou por entre a multidão e avistou o rosto tão conhecido, mas tão distante ao mesmo tempo. Deu o abraço que a tanto tempo sonhava. Seus olhos se enxeram de lágrimas, nem acreditava que estava lá. Poderia finalmente tocá-lo, senti-lo. "Só os anjos sabem como ansiei por esse momento". Ele estava tão emocionado quanto ela. Entraram no hotel e ficaram juntos a noite toda, como prometeram. Se isso seria para sempre? Não fazia ideia. Se foi a decisão certa? Com certeza. Por que queria tanto aquilo? Certamente porque todos disseram que era impossível, mas nunca acreditou neles. E não sabendo que era impossível, foi lá e fez.

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