A vida é uma só, e mesmo assim há gente que não sabe viver. Eu, muitas vezes, não sei viver. Viver é, sem dúvida, uma arte que muitos não sabem apreciar. Quantas vezes deixamos de viver momentos memoráveis por causa do medo? E a vida não é pra quem tem medo: a vida nos exige coragem, exige intensidade e entrega, e se você não está disposto a sofrer as consequências de se viver, o azar é todo teu. Tudo é passageiro, tudo é efêmero; um dia chegamos, outro partimos. Cabe a cada um saber o que fazer nesse intervalo e como lidar com as desavenças que aparecem no meio do caminho. Meu apelo é pra todos: não tenham medo da vida, aproveitem e agarrem com todas as forças: uma hora isso tudo vai passar, e no seu leito de morte você pode se arrepender por não ter vivido com intensidade ou não ter feito o que realmente queria. Disfrute dos momentos, disfrute das surpresas que a vida nos presenteia cotidianamente: vá até o fim.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
terça-feira, 26 de maio de 2015
Ela se foi
Hoje faz duas semanas que ela se
foi. Ainda sinto engasgado o choro que tive que engolir – e ainda engulo. Hoje
faz duas semanas que não vejo o movimento calmo e suave dos seus cílios,
contrastando com seus olhos castanhos e logo insinuando um sorriso malicioso.
Mirar seus lábios me enchia de água na boca, mirar seus olhos me excitava.
Enquanto percorria seu corpo suavemente com a ponta dos dedos, podia sentir
seus pelos ouriçados, e essa reação me fazia bem. Mas ela se foi. Levo quinze
dias revivendo memórias, levo quinze dias no passado, estagnado. Foi-se, já
era. Não voltarei a ver seu corpo dançando livremente enquanto preparava o café
da manhã e nem seu cabelo despenteado de tanto nos revirarmos na cama. O lençol
já não carrega seu perfume, e o cobertor – que já foi telespectador de momentos
fervorosos – já não é objeto de disputa entre dois corpos estirados na cama. A
gaveta do aparador já não esconde seus pijamas e sua escova de dente não
repousa junto à minha. Ao lado da cama agora só o retrato. Sim, ela se foi.
Suas mãos não mais tocarão as minhas. Seu olhar não mais se cruzará com o meu,
e sua boca não sentirá o calor da minha. Não mais. Lá fora o sol brilha, mas me
falta o ânimo da admiração. Minhas mãos inutilmente buscam as suas enquanto repouso
a cabeça sobre o travesseiro. Fecho os olhos. Viro meio copo de whisky. Jogo os
braços para o lado oposto da cama e automaticamente procuro seu corpo: ele não
está. Um ciclo vicioso que não acaba nunca, uma corrosão interior que mata
lentamente. Tudo porque você se foi – e infelizmente não voltará.
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