sexta-feira, 13 de março de 2015

Hoje morreu um cara em frente ao meu prédio. Eu estava voltando de uma classe quando percebi certo reboliço em frente a porta de entrada. Vi uma mulher chorando desconsoladamente e fiquei intacta na hora. Gente sem ar me deixa sem ar. Mulherzinha que sou, algumas lágrimas também desceram por meu rosto ao ver o sofrimento daquela criatura. Entrei no meu apartamento e fui ver tudo aquilo lá de cima. Vizinhos curiosos, olhares assustados dos transeuntes e eu só conseguia interceder por aquela alma que padecia, em prantos. A vida mexe comigo, e consequente a isso, a morte me atinge lá nas entranhas, todavia. Com esse cenário diante dos meus olhos comecei a questionar - coisa clichê - nossa passagem por esse planeta. Nascemos, nos reproduzimos, morremos. Que grande coisa, não? Sim, é uma grande coisa. Apenas esqueceram de acrescentar que no meio dessas etapas passamos por muitas situações até que estejamos aptos para passar de fase. Demoramos nove meses para nascer. Até sermos capazes de reproduzir mais longos anos enfrentamos. E a morte, bem, a morte é um grande ponto de interrogação. Sócrates achava incomum o temor por detrás da morte, visto que ninguém sabe dizer se está é boa ou ruim. E de fato, a pena recai sobre quem fica, e não pra quem vai (eu acho). E toda aquela cena passou como um filme em minha cabeça. Enquanto  eu observava a polícia, o choro e o desespero, me dei conta de que me importo com coisas muito banais: fulano não me ligou, minha companheira de piso é uma babaca, estou com uns quilos a mais... Porra! Isso não é sofrimento, é desilusão. A vida é uma ilusão, os acontecimentos são uma ilusão, e ademais, nosso sofrer muitas vezes é composto de ilusão. Mas a morte não. Quiçá a morte seja mesmo a resposta pra tudo nessa vida. A morte vem como um tapa na cara, como uma bala perdida e nos dá um beliscão, como se dissesse "desperta, vai viver". Contraditório, eu sei. Assim como tudo nessa vida. Mas são as contradições que respondem às tantas aporias que a vida lança.

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