quarta-feira, 4 de julho de 2012

Avistei um senhorzinho dia desses sentado no banco da praça, olhando os pombos que tentavam, em vão, achar migalhas naquele chão imundo. Ele tinha olhos azuis piscina que transmitiam esperança e simplicidade, tamanha intensidade e bondade eles carregavam. Sempre o encontrava naquela mesma praça, sentado no mesmo banco; e o seu ar de sabedoria fazia com que eu quisesse me aproximar daquele homem. Até que então, sentei-me ao lado dele, e tímida, soltei um "boa tarde". Ele me olhou e indagou "olá, jovem!". Papeamos a tarde toda. E assim que me levantei para ir embora, sentia-me completa, cheia. No dia seguinte, caminhando pela mesma praça, não o vi sentado no banco. Dei uma olhada ao redor para ver se o encontrava. Foi quando senti uma mão quente tocar meu ombro. Era ele. Iniciamos uma prosa, que, sinceramente, transformou meu modo de pensar. Aquela 'conversa' (que não foi bem uma conversa) dividiu minha vida em antes e depois. Digo, nem pra todos aqueles ensinamentos são válidos, contudo, para mim, foi exatamente o que eu precisava ouvir. Eram épocas turbulentas, nas quais eu estava estagnada, sem saber para onde ir, sem saber discernir qual o melhor rumo a tomar. Curiosamente, assim que tocou meus ombros, soltou duas palavras "deixe estar". Olhei para trás e o senhor já não mais estava lá. Estranho, pensei comigo. Não dei muita bola e toquei em frente. Depois de uma ou duas semanas, andando pela mesma praça, alguém me chamou. Algo tocou meus ombros e sussurrou "deixe estar". Olhei para trás e não vi ninguém. Já sabia quem era. Procurei por ele e não o encontrei. Voltei para casa indagada, repetindo para mim mesma "deixe estar, deixe estar". Fechei os olhos e adormeci. Sonhei com o velhinho repetindo essas palavras pra mim. Acordei assustada. Lavei o rosto e fui jantar. Estava tão distante de mim mesma e tão estressada que resolvi deixar esse ensinamento me guiar. "Deixe estar". Para todo efeito de causa, deixei estar. Deixei estar e parei de me preocupar. Parei de me auto-sufocar e de me cobrar em demasia. Parei de querer e exigir perfeição. Parei de cobrar, parei de esperar, parei de planejar. Deixei estar. Este foi um dos conselhos mais válidos que recebi. Simples e sucinto; completo. Praticar o desapego de si, desapego material, desapego das pessoas e deixar a vida tomar seu próprio rumo não é fácil, mas é gratificante. A vida sempre tem a melhor resposta. Não tente impedi-lá. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário