domingo, 15 de abril de 2012

A vida já havia lhe roubado os ânimos há algum tempo. Era tudo igual, sempre a mesma coisa. Aprendeu a não esperar muito das pessoas, mas no fim sempre depositamos muitas expectativas nos outros, né? Sua estima estava depreciável. Como será que ficara assim, nesse estado? Só o que fazia era lembrar era da dor. Dor semelhante à da faca que corta e transpassa. Dor de amor. Dor de saudade. Dor da infelicidade de querer ter e se sentir sem poder. Dor do inferno interior que criou. Das chamas que a consumiam a cada dia mais. Dor da partida, do desencontro. De fato perdera a esperança em si mesma. Estava anestesiada com tanta dor. Tão grande era o sofrimento que quase já não o sentia. O tempo acabou por tornar a tristeza normal. Desde quando se martirizar é normal? Desde que ele partira ficou normal. Sempre foi de superar e sacudir a poeira. Passado é passado. Mas com ele foi diferente. Se entregou demais, sentiu demais, sofreu demais, perdeu demais. Tudo tão rápido e ao mesmo tempo tão devagar. Muita intensidade pra pouco tempo, pra pouco sentimento alheio. Muita confusão, muito desgaste. Muito corpo, pouca alma. Fugaz. Fuga. De tanto amar, odiou. De tanto acreditar, desesperançou. De tanto querer, afastou. De tanto viver, morreu.

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